No último ano e meio, tenho estado envolvido em muitos contextos em que o principal é desafio é ensinar pessoas que trabalham com desenvolvimento de tecnologia educacional a reorganizarem seus processos de trabalho incorporando inteligência artificial, em especial as generativas.
Minha primeira constatação que deriva desta experiência (e que tenho discutido com muita gente) é que de forma geral as instituições e organizações educacionais preocupadas em utilizar IA generativa aos seus processos tem optado, quase sempre, por apenas um destes dois caminhos:
- Mapeando processos e tentando automatizar tudo o que é possível, colocando o foco em reduzir atores humanos. Isso implica, em redução de custos e aumento do poder de escala de serviços e produtos.
- Utilizando IA como espécie de copiloto. Neste caso, caso também exista a ideia de mapear processos repetitivos ou mecânicos, mas o foco é quase sempre em dar “superpoderes” para atores humanos, em especial para os perfis mais sêniores.
As duas abordagens não são antagônicas, mas quase sempre o caminho tem sido um outro. Elas também impactam de forma diferente as culturas organizacionais. A primeira produz culturas mais competitivas e parece funcionar muito bem em contextos de produção industrial, e em especial onde a competição do produto ou serviço que está oferecendo está muito atrelada a custo. A segunda, na minha atual avaliação, é que funciona melhor em contexto de serviços e produção intelectual (como é quase sempre a realidade das instituições educacionais). Isso acontece porque estes contextos ainda são muito sensíveis a variáveis relacionadas à percepção humana.
Por exemplo, se eu tivesse que apostar e escolher e investir meu dinheiro em uma editora de livros que está pesquisando como usar IA para escrever conteúdos didáticos utilizando uma IA, e outra que está investindo em criar estratégias para incorporar IA nos processos criativos de atores humanos, eu investiria na segunda. E de novo, não é uma opinião moral, mas uma avaliação com base no que eu tenho visto funcionar.
É difícil prever o futuro em um cenário onde as coisas têm mudado tanto e com tanta velocidade, não é exagero dizer que nos últimos meses, quase que mensalmente, mas se eu pudesse apostar minhas fichas apostaria todas elas num futuro em que as melhores produtos e serviços, incluindo os educacionais, serão os que conseguirão entender mais e aplicar mais rápido a fórmula: “IA & Criatividade humana”.